Não sou esse tipo de garota

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[muito bom]

Eu recomendo: Não sou esse tipo de garota

Autora: Siobhan Vivian

Editora: Novo Conceito

Sinopse:

Natalie tem como seu principal objetivo esse ano conseguir a vaga de presidente do conselho estudantil para que isso facilite a entrada na faculdade de seus sonhos. Tudo está indo bem, ela ganha a presidência, mas logo começa a enfrentar grandes desafios. O maior deles é Spencer, a menina de 14 anos de quem foi babá a muitos anos atrás, que acha que está no controle do seu corpo e sua sexualidade e que não vai encontrar problema algum saindo exibindo suas roupas intimas pelo colégio. Para piorar ela passa a ter problemas com a melhor amiga, que quer voltar a ir em festa e sair com outras pessoas no colégio, justamente as mesmas pessoas que a dois anos atrás haviam rido dela e apelidado ela de “isca de peixe” por conta de um boato inventado pelo seu ex-namorado. Como se problemas com sua melhor amiga e muito trabalho com o corpo estudantil não fosse o suficiente ela começa a se envolver com Connor, um dos bonitões do time de futebol, com quem começa a se encontrar secretamente toda madrugada, prejudicando ainda mais seus estudos.

Meu cantinho:

Não sou esse tipo de garota foi um livro que me surpreendeu muito. Comecei a ler e achei que ele seria mais um daqueles romances meio água com açúcar, um enredo simples, com uma menina com opiniões fortes, que se apaixona pelo menino popular, que é secretamente correspondida, que briga com a melhor amiga, que ganha a inimizade da menina gostosa da escola porque ela também gosta do menino popular que faz parte do time de futebol.

No começo o livro de fato foi assim, e eu achei que a estória seguiria o caminho padronizado que citei acima, algumas coisas seguiram esse caminho, mas não todas e outras foram muito além do que eu esperava. Vamos por partes, vou falar de tudo o que eu gostei e o que eu não gostei.

Senti algumas lacunas no livro, a começar pela personagem principal, porque essa aversão toda a meninos? Ok, a melhor amiga dela teve a pior experiência possível com um rapaz, mas ela não pode generalizar tudo e acho que mesmo assim isso não justifica o ódio tão presente que eu sinto no começo do livro. Sei que ela tem um ideal feminista um tanto quanto forte, e que ela é bem centrada nos objetivos dela que não incluem meninos, mas não justifica toda essa aversão. Ela quer ser presidente do conselho estudantil, quer ter um histórico escolar impecável, quer ser líder, quer entrar em uma faculdade boa, quer dar orgulho aos seus pais e atender as expectativas da Srta. Bee, para isso ela pode até excluir meninos da sua vida, mas não precisa sentir repulsa por eles (não por todos pelo menos)! Isso é em parte no que se baseia o livro, o que fundamenta quase todas as ações da personagem principal e assim lidera os acontecimentos da estória, por isso acho que esse temor deveria ter sido melhor construído, com uma base mais sólida para esses sentimentos, porque meninas com 16 anos não tem mais essa implicância com garotos que meninas da terceira série tem.

Quando comecei a ler gostei muito de Autumn, a melhor amiga de Natalie, ela parecia uma personagem meiga, inteligente, amiga e dedicada. Mas me surpreendeu a mudança que ela sofre no decorrer do livro. Ela abandona Natalie e suas imposições, e passa a pensar por sí, larga mão das coisas que de fato não lhe agradam (mas que agradavam Natalie) e cresce, se torna forte para enfrentar os acontecimentos do passado e decide seguir a vida e curtir seu último ano do ensino médio. Acho que ela está certa, gostei muito disso tudo nela, mas em alguns pontos eu discordo de suas atitudes. Ela deixa Natalie de lado (que de fato estava sendo cabeça dura no começo mas que depois quer fazer as pazes) e é como se não se importasse com ela, sei que ela nem sempre teve a melhor atitude, mas creio que ela realmente apreciava a amizade de Autumn e que era uma boa amiga. Na hora do aperto ela foi a única que ficou ao lado de Autumn e acredite, se acontecer outro aperto ela vai ser a única a ficar do lado dela novamente.

Outra coisa que me surpreendeu foi a temática da “expressão da sexualidade” que foi um dos pontos sobre o qual o livro recebeu elogios sobre trazer isso para a escola. A princípio eu achei algo forçado e completamente surreal as ações de algumas personagens, em especial a de Spencer, quando li pensei: meninas de 14 anos definitivamente não fazem isso, mas hoje em dia sei que esse tipo de coisa pode acontecer, não que ache certo. O que acontece é que essas atitudes ocorrem no livro e no mundo real e é de fato uma temática atual, o que fez o livro ser bem comentado.

O que eu mais gostei, como disse no começo do meu cantinho, foi o final surpreendente. Tem aquelas coisinhas de adolescentes de romance água com açúcar, mas ele tem muito mais. Tem uma menina que amadurece, para e pensa com clareza o que é importante para ela, vemos ela crescendo e um final nada esperado. E não me refiro apenas a Natalie, mas também a Autumn e a Spencer, na verdade, essa última foi uma das que mais me surpreendeu, não só pelo o que ela era, mas no que ela se tornou.

Volume único.