Delírio

[ótimo]

Eu recomendo: Delírio

Autora: Lauren Oliver

Editora: Intrínseca

Sinopse:

Em apenas alguns meses Lena irá completar 18 anos e finalmente poderá tomar a vacina que irá deixa-la livre do perigo de contrair aquela doença horrível, que uma vez instalada leva a pessoa a cometer loucuras, a matar e a morrer, doença essa que levou sua mãe a cometer suicídio e quase impossibilitou sua irmã de levar uma vida normal. Amor deliria nervosa é uma doença terrível, a alguns atrás cientistas descobriram a cura para esse mal terrível que assolava a humanidade. Agora muros foram levantados, ninguém saí e ninguém entra. Há boatos de que existam inválidos que vivem na Selva, pessoas que optaram viver sem a cura, pessoas que não conseguem viver sem amor. Lena não quer saber dos Inválidos ou de Selva, tudo o que quer saber é de ser normal, de levar a vida como sempre foi. Isso até conhecer Alex, um rapaz, que aparentemente já passou pela cura e que trabalha nos laboratórios. Mas tudo é apenas uma fachada, ele é um inválido, infiltrado, ele nunca passou por procedimento nenhum, agora que descobriu a verdade é tarde demais, Lena já está muito envolvida e pelos sintomas, amando. Mas conseguir esconder sua doença não será fácil, o dia de sua intervenção se aproxima e Lena antes tão decidida não sabe mais se quer viver sem amor. 

Meu cantinho:

Lembro que havia lido a muito tempo atrás num blog parceiro a resenha desse livro (ele havia lido em inglês) e que eu havia me interessado muito e colocado ele na estante de desejados do skoob. A verdade é que me esqueci dele até que li que seria lançado no Brasil e assim que ficou em pré-venda eu fiz questão de reservar o meu. Mas a bem da verdade é que quando fui pegar o livro para ler eu não me lembra do que era a história (nem faço compras impulsivas né?), mas assim que li a orelha do livro percebi que seria um livro que eu iria adorar. Sem falar que ele tem essa capa simplesmente linda e maravilhosa (esse azul na verdade tem um efeito metálico) muito parecida com a original.

Primeiro preciso confessar que assim que comecei a ler foi inevitável fazer a comparação com a série Feios, ambos tratam desenvolvimento de um sistema, de um controle por parte das autoridades, que transformaram algo que é tão comum em nossa sociedade em algo terrível e mortal. Temos a personagem principal que deseja com todas as forças abraçar esse sistema até que alguém cruza seu caminho, faz com que ela conheça o outro lado e perceba que sempre viveu uma mentira e que ela não pode mais continuar vivendo naquele lugar e ela quer se mudar para o outro lado – seja a Selva ou a Fumaça.

Acontece que Delírio tem uma coisa especial no seu enredo que o diferencia de outros livros e eu acho que é justamente o amor. Acho que pegar algo tão enraizado, algo tão intrínseco ao ser humano, algo que todos já sentiram um dia ou vão sentir e transformar isso em algo errado, proibido, foi simplesmente brilhante. Ver como todas as coisas se desenrolaram para manter esses sistema, e como tudo se encaixa perfeitamente só traz mais veracidade para o livro. É a separação dos meninos e meninas, a necessidade de vigiar e controlar, as patrulhas, o medo, o ensino, as técnicas, o emparelhamento, tudo elaborado de maneira minuciosa para que não haja mais a doença. Mas ela existe, procura-se repreender demonstrações de afeto excessivas, seja até mesmo entre pessoas do mesmo sexo, mas a verdade é que ele está ali, correndo nas veias, o amor deliria nervosa.

Achei ótimo como nossa personagem principal vai aos poucos percebendo que esta apaixonada, as coisas que ela faz, o modo como age, os comportamentos tipicamente comuns naqueles que amam, alguns listados como sintomas pelo governo, sintomas que percebidos deveriam ser denunciados. E como tudo vai abrindo seus olhos e como ela percebe que prefere morrer ao viver sem aquilo. Um livro esplêndido que se devora facilmente, com um final mais do que angustiante! Gostaria de poder falar mais sobre como ele acaba, mas não seria certo, acabaria dando muitos spoilers, mas preciso dizer que foi de tirar o folego, que eu fiquei desesperada e temendo pelo nosso casal principal. 

Quanto aos personagens, gosto muito deles, principalmente do fato da personagem principal ser uma menina comum, mas se ver diferente e especial por conta dos sentimentos que florescem nela. Alex também é um rapaz aparentemente bonito, mas mediano, acho que o que encanta nele é o modo como ele fala das coisas que ama, a intensidade, além do amor dele por Lena. Quanto a melhor amiga de Lena, Hana, ela foi muito legal e tudo mais, ajudando Lena a se encontrar com Alex, mas algo que me diz que ela não é exatamente confiável e acho que se ela aparecer nos livros futuros será só para revelar sua traição (suposições apenas). Por fim queria dar destaque a uma personagem secundária que é a Gracie, prima de Lena, uma menina pequena que perdeu a mãe por conta desse medo excessivo da sociedade com relação aos doentes e simpatizantes. Ela não fala e alguns acham que ela é retardada, mas na verdade ela é uma menina especial, com uma importância decisiva na estória e eu preciso dizer que adoro ela!

Tem uma coisa que me chocou extremamente nesse livro que foi a cena da morte de um cachorro – acho que por amar animais a cena foi um completo choque e um tanto quanto dolorida apesar de ser uma cena relativamente de passagem, portanto não havia uma afinidade construída entre o animal e o leitor. Mas acho que a brutalidade e a falta de sentimentos – que é exatamente o que a cirurgia provoca – ainda não tinha se mostrado tão cruel para mim quanto nessa cena. Talvez um pouco de sentimentalismo da minha parte, mas fiquem atentos a essa passagem.

Sei que vou ficar aguardando ansiosamente a continuação com uma centelha estúpida de esperança de quem se apaixonou por um livro e por um personagem e que espera que tudo corra certo.

Continuação:

[Atualizado] A próximo livro dessa série é Pandemônio. Você pode ler a resenha dele clicando aqui.