We need to talk about Kevin (2012)
Dirigido por Lynne Ramsay
Eu comprei o livro há algum tempo, mas ainda não tive a oportunidade de ler. Eu sempre tive muita curiosidade nessa leitura porque, diante das sinopses que li, percebia que ele quebrava a imagem da criança como ser puro. Kevin era uma criança com tendências sociopatas. Eu sabia que tinha o filme (o meu livro tem a capa inspirada na película), mas nunca procurei para assisti-lo. Acontece que minha irmã recentemente assinou netflix e vimos que esse filme estava disponível, eu não resisti e assisti.
Eu confesso que fiquei um tanto quanto decepcionada pelo filme, tanto pela forma como ele foi construído quanto pela trama em si, e torço de coração que o livro seja melhor. O filme começa mostrando a mãe de Kevin, Eva (interpretada por Tilda Swinton), uma pessoa arrasada, acuada, que se vê em busca de um emprego. As cenas do passado distante, do passado recente e do presente se misturam. Algumas cenas são complicadas de entender, muitas delas não fazem sentido nem mesmo depois que você vê o filme todo, são apenas cenas desconexas da vida de Eva antes de ser mãe. O que percebemos nas cenas do presente é que algo terrível aconteceu e que a cidade a vê como culpada. Eva está sofrendo muito por conta de algo que não fez, mas algo relacionado ao seu filho Kevin.
Depois desse começo um tanto quanto confuso de cenas intercaladas o filme começa a seguir uma ordem e as cenas passam a fazer maior sentido. Somos apresentados ao passado de Eva, como ela conhece Franklin (interpretado por John C. Reilly) e eles ficam juntos e ela fica grávida. Fica visível que ela passa por uma depressão pós-parto que não é diagnosticada e a meu ver é algo do qual ela vai se culpar mais a frente. Quando Kevin nasce ele chora a todo o momento, ela não consegue descansar, dormir, fica o tempo todo tentando fazê-lo parar de chorar. As pessoas na rua a olham feio, como se ela estivesse fazendo algo errado, como se fosse uma mãe desnaturada. Contudo, assim que Franklin chega em casa do serviço e pega o bebê no colo ele se cala, fazendo parecer que Eva apenas exagera em suas reclamações quanto a Kevin. Ele vai crescendo e para de chorar para se tornar um menino calado e mal criado. Ela tenta fazer com que ele interaja, com que diga determinadas palavras mas ele se recusa. Contudo, assim que o pai chega em casa é só brincadeiras e sorrisos. Ele já é um menino grande com consciência do que faz, e percebemos que várias das suas atitudes são feitas propositalmente para irritar a mãe. Ele se recusa a aprender a usar o banheiro e suja a fralda várias vezes seguidas para que ela tenha que limpá-lo, ele destrói as coisas dela, faz birra, se recusa a estudar entre tantas outras coisas. O mais incrível é que ele só demonstra esse lado para sua mãe, na presença do pai ele age como qualquer criança normal.
Quando se torna um adolescente Kevin (interpretado por Erza Miller) continua a agir da mesma forma, ele aparenta ser alguém normal ao lado do pai, mas parece ter algumas pequenas atitudes para irritar a mãe. Ela tenta uma aproximação e ele age de modo irônico e ácido. O problema é que com Kevin adulto, ela sente que as suas ações se tornaram mais perigosas. Eva tem certeza que ele é responsável por um terrível acidente que ocorre com sua filha menor, irmã de Kevin. Acontece que ao tentar falar isso para Franklin, como todas as vezes ele coloca a culpa nela e a acusa de perseguir o rapaz. Eu confesso que queria bater em Franklin em vários momentos, Kevin torturava a mãe com suas ações, e por mais que o pai não estivesse presente na maioria delas, ele presenciou algumas outras e sempre arrumou uma desculpa para todas. Kevin é um exemplo para todos aqueles que acreditam na inocência e na pureza da criança. Se uma pessoa é psicopata, ela nasce assim e não se torna um, portanto ainda criança ela terá atitudes destoantes das crianças normais. Kevin tem uma vida boa, ele tem tudo o que quer, estuda, não precisa trabalhar, seus pais tem dinheiro, ele vive em uma casa enorme. Mas ele não está feliz, não está satisfeito e bola um terrível plano que causa a morte de diversas pessoas. O mais triste é ver que o sofrimento de Eva não acabou, ela foi todos esses anos atormentada pelo filho, agora é rejeitada por todas as pessoas da comunidade da qual faz parte e ainda assim arruma disposição para visitar o filho apesar das atrocidades que ele cometeu.
Assista ao trailer.
Eu acho a lição que o filme passa muito importante. Contudo, eu não gostei de diversas coisas e como disse no começo desse texto me decepcionei um pouco. Primeiro por conta do começo, com cenas sem nexo e com tempos misturados. Se eu não soubesse do que se tratava o filme eu teria desistido dele nesse começo. Acredito que o diretor segura durante muito tempo o mistério do que o Kevin fez, e isso é interessante até certo ponto, mas depois acaba só deixando o telespectador sem entender as ações de algumas pessoas em relação a Eva. As cenas de Kevin quando criança, as torturas que ele pratica com a mãe são simplesmente excepcionais, foram as melhores cenas do filme. Acabei me irritando muito com a ignorância de Franklin e das pessoas da comunidade, que a acusavam de algo que Kevin cometeu. Além disso, eu fiquei particularmente decepcionada com o final, acho que o fechamento não foi interessante. Ainda assim é um filme que passa a sua mensagem, eu particularmente torço para que o livro seja melhor.
Apesar de não ter te agradado totalmente, acho que eu gostaria do filme. Eu aprecio filmes desse estilo.
ResponderExcluirNão li o livro e nem vi a adaptação, mas quero conferir ambos, com certeza.
M&N | Desbrava(dores) de livros - Participe do nosso top comentarista de outubro
Oie Dudi =)
ResponderExcluirTenho bastante curiosidade de ler o livro, pois gosto bastante de histórias com essa temática.
Ainda não assisti ao filme também, mas pretendo assistir ele logo que surgir um oportunidade.
Beijos e um ótimo final de semana;***
Ane Reis.
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