[ótimo]
Eu recomendo: Todo Dia
Autor: David Levithan
Editora: Galera
Sinopse:
A. acorda todo dia em um corpo diferente, ela logo precisa se adaptar, entender quem é, como funciona a rotina, o que o corpo que ele habita geralmente faz, o nome das pessoas com quem ele interage. Ele não escolhe para onde vai, nem pode escolher ficar, querendo ou não é arrancado do corpo em que está para acordar em outro no dia seguinte. Ele tenta nunca fazer nada exagerado, pois quando sair desse corpo deixará as sequelas para traz, um braço quebrado, os ressentimentos de uma briga, um castigo, e ele não sabe até que ponto a pessoa irá se lembrar de sua presença, de ter feito tudo o que fez. Ele tenta não se apagar as memórias que viveu, ao tempo que passou, e se prende ao nome que ele mesmo escolheu: “A.” para que não se confunda com ninguém. Mas um dia ele habita o corpo de Justin e conhece Rhiannon e se apaixona por ela. Ele quer revê-la, quer compartilhar seu segredo, quer ser seu namorado, mas até que ponto Rhiannon pode amar alguém que muda de corpo todo dia, seja ele o corpo de um homem ou uma mulher. Até que ponto A. está disposto a interferir na vida das pessoas que habita para poder ficar ao lado dela?
Meu cantinho:
Apesar de ter lido Will&Will eu não sabia exatamente o que esperar desse autor, já que o trabalho que li dele havia sido escrito em parceria com John Green. Quando eu li a sinopse desse livro em um blog eu simplesmente fiquei louca pelo enredo tão singular e corri para comprá-lo (e olha que ele não foi caro, apenas 19,90, meu bolso agradeceu – e valeu cada centavo gasto).
Eu estou tão apreensiva em escrever essa resenha, porque acho que não importa o quanto eu escreva, como eu escreva, eu não seria capaz de explicar porque esse livro é tão bom, já que ele ganha o leitor a cada linha e não há como apontar e dizer: é exatamente isso aqui que fez Todo Dia uma narrativa boa. Ele tem inúmeros pontos positivos, inúmeras reflexões, o leitor é conquistado quase que instantaneamente (e continua sendo cativado) e eu senti como se meu coração tivesse se partido no final.
Os títulos dos capítulos são numerados por dias, a quantidade de dias que A. está vagando por ai, de corpo em corpo. É como se ele fosse uma alma sem corpo específico, ao acordar ele está em um corpo, seja alguém do sexo feminino ou masculino, mas sempre é um corpo de acordo com a idade dele. Atualmente ele tem 16 anos, ele deu a si mesmo esse nome, a letra “A”, para que ele não se perca entre os inúmeros corpos que habita, as inúmeras vidas que ele vive. A. é capaz de acessar as memórias do corpo em que está, assim compreende o ambiente que o envolve, quem são as pessoas com que convive, os hábitos do dia-a-dia, a língua que a pessoa fala. Ele costuma sempre habitar corpos que estão em uma mesma região, caso seu corpo hospedeiro tenha algo programado, uma viagem, ou algo assim, quando ele abandonar o corpo a meia-noite ele começará a habitar os corpos próximos a região onde seu último corpo estava. Ele não tem a opção de ficar, escolher um corpo e se estabelecer. Ele já tentou ficar acordado, não dormir, mas sem que desejasse sua alma é arrancada do corpo, um processo extremamente doloroso, por isso hoje ele se conforme em dormir quando seu tempo está perto de acabar. Apesar de me referir aqui a A. como ele, ele não tem uma definição de si como homem ou mulher, ele apenas é o que é.
A princípio ele achava que isso acontecia com todo mundo, e como ele era pequeno e não entendi muito bem, não tinha com quem se preocupar, tinha carinho, amor, e pequenos deslizes de memória ou de confusão eram facilmente esquecidos. Entretanto ele começa a perceber que as pessoas fazem planos, que falam sobre o amanhã, que ele sabe que não estará lá. Apesar das promessas de muitos pais, quando ele acordava eram pessoas novas. Logo ele começa a entender que essa vida não é compartilhada por todos, que na verdade ele parece ser o único a mudar constantemente. Ele também não sabe o quanto ele afeta as pessoas, se lembram dele, o que lembram, o que fica para trás, e ele nunca volta para saber. Desde que cometeu erros, que sofreu um acidente, deixando um corpo machucado para seu dono, ele decidiu ser ponderado, investigar rapidamente os hábitos assim que acorda, tenta não cometer deslizes, e faz tudo o que pessoa faria durante o dia para não levantar suspeitas. Entretanto, sempre que pode ele acessa seu e-mail e escreve um breve relato do dia, se assegurando de apagar qualquer registro que possa ficar guardado no computador.
Certo dia, o que era para ser só mais um corpo, acaba mudando o rumo de sua vida. Ao habitar Justin ele conhece Rhiannon, a namorado de Justin, e se apaixona por seu jeito tímido, extremamente doce. Sempre que habita um corpo próximo a ela, tenta interagir com ela, querendo ser reconhecido. Se acorda em um corpo mais distante começa a mudar a rotina das pessoas, quebrando as regras que ele estabeleceu para si a tanto tempo, apenas para poder passar algumas horas ao seu lado, inventando as desculpas mais diversas para isso. A. sabe que isso é difícil, se apaixonar, ele se apaixonou uma vez por um rapaz, eles trocaram e-mails durante muito tempo, namoravam a distância. Entretanto, o rapaz queria vê-lo novamente e ele não podia aparecer em um corpo diferente, por isso se viu obrigado a terminar esse relacionamento. Seus sentimentos por Rhiannon são muito fortes e ele então decide revelar sua situação inusitada a ela, para quem sabe ter a chance de conquistá-la. Primeiro ele precisa provar para ela que o que diz é verdade, lógico que se alguém chega para você e fala que cada dia habita um corpo diferente você pensará que é uma pegadinha de muito mau gosto. Quando ele consegue convencê-la da verdade, fica difícil construir um relacionamento com ela. Primeiro porque ela ainda está envolvida com Justin e gosta dele (apesar dele ser um lixo e tratá-la super mal), segundo porque nem sempre ela consegue separa A. dos corpos. Ela se sente incomodada em beijar uma menina ou andar de mãos dadas em público, as vezes ele é um cara bonito, outras ele é um cara extremamente gordo e desengonçado. O pior de tudo é quando ele não consegue estar lá, por mais que ele prometa nem sempre ele tem acesso a internet para marcar ou cancelar um encontro, as vezes tem compromissos inadiáveis para seu hospedeiro – uma festa, um velório – outras ele fica retido por coisas além de seu controle, pais rigorosos, doença, entre outros inúmeros fatores aleatórios.
O livro nos ensina e nos faz refletir sobre inúmeras questões. Sempre que alguém falava desse livro pontuava o fato de amor independente de um gênero. Acho que esse ponto recebe um maior destaque porque o outro livro que chegou até os leitores brasileiros foi Will&Will que trata de um casal homossexual, mas o autor traz várias outras reflexões além dessa. Ele nos faz pensar sobre a importância de pequenas coisas, coisas banais do cotidiano que as vezes não tem a menor relevância porque está presente todos os dias. O livro nos faz valorizar as pessoas e as coisas que temos, e o que realmente importa. A. passa por vários dias tranqüilos, mas por outros terríveis, onde ele habita corpos de viciados, onde a necessidade é tão presente que ele se esgota apenas para tentar não usar a droga. Mentes tão confusas por remédios, ou tão deprimidas, que ele não tem vontade de agir, de fazer qualquer coisa. Dias tão exaustivos onde o corpo passa o dia inteiro trabalhando, dias isolados de outras pessoas, outros limitados por pais intolerantes ou controladores. O livro consegue ser muito rico apesar de termos apenas um dia para vislumbrar essas diferentes vidas.
Várias coisas complicadas acontecem no decorrer do livro que eu não vou contar para não oferecer muitos spoilers, mas basicamente essas situações se agravam e A. faz uma descoberta importante que pode facilitar sua vida com Rhiannon, mas que vai contra tudo o que ele acredita ser certo, todas as regras que ele estabeleceu para si e que o mantiveram nesse caminho seguro até os dias de hoje. Eu fiquei com o coração extremamente apertado, chorei no final, fiquei com sentimentos confusos, mas de uma coisa eu tinha certeza: esse livro é maravilhoso e precisa ser lido por todos! Não é uma recomendação, mas uma leitura obrigatória.
Volume único.
Oie Juliana =)
ResponderExcluirApesar de todas as resenhas positivas que li desse livro, ainda não me senti convencida a ler ele. Tenho um certo problema com livros da "modinha" que todo mundo ama, sabe rs...
Ótima resenha!
Beijos;***
Ane Reis.
mydearlibrary | Livros, divagações e outras histórias...
@mydearlibrary
Oi Ju, eu sempre leio resenhas positivas sobre esse livro. Não vi ninguém falando que não ficou encantado por ele ainda. Quero muito ler, vi ele por um preço incrível no Sub, mas não consegui comprar :( Espero gostar tanto quanto você.
ResponderExcluirBeijos
Oiie, to com o livro aqui e ainda não o li e amei sua resenha e irei pelo na frente ^^
ResponderExcluirEspero gostar assim como vc
Brubs
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