27 de abril de 2014

Azul da cor do mar

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[muito bom]

Eu recomendo: Azul da cor do Mar
Autora: Marina Carvalho
Editora: Novo Conceito

Sinopse:
Rafaela conseguiu um estágio no melhor jornal de Minas Gerais, e no setor que desejava, o de jornalismo investigativo. O jornal é incrível, assim como sua chefe e seus colegas, entretanto, ela foi designada a trabalhar com Bernardo, ficar colada nele e aprender tudo sobre a profissão, mas ele obviamente não gosta de ser babá de ninguém. Ele é sempre frio, gosta de criticar até seus sapatos, e faz o possível para evitá-la, a deixaela organizando anotações enquanto saí para fazer o trabalho de verdade. Rafaela se impõe e finalmente consegue que Bernardo a leve para campo, e é quando ele percebe que ela tem jeito para a profissão e que eles formam uma boa dupla. O problema é que ela talvez esteja gostando um pouco demais dele, quando ele obviamente tem uma aversão a ela e ainda começou a sair com sua amiga.

Meu cantinho:
Vou começar falando do livro sobre a parte estética. Eu não achei a capa tão bonita, olhando de perto é muito “cara de feito em computador”. Entretanto, por dentro o livro é bem organizado e estruturado. No início de cada capítulo há um desenho relacionado a profissão de nossa personagem principal, assim como um parágrafo “educativo” falando alguma curiosidade ou referência de como o jornalista ou texto jornalístico deve ser. A diagramação é muito bem feita, há detalhes de desenhos que dividem algumas passagens entre os capítulos e a fonte é muito confortável para a leitura. Entretanto, ainda nessa parte estrutural, preciso dizer que a editora deixou passar alguns erros de revisão.
O começo desse livro foi uma leitura difícil, passei semanas enrolando lendo algumas poucas páginas por dia. A autora nos traz Rafaela, uma estudante de jornalismo que conseguiu um estágio no jornal mais conceituado da sua cidade, e no departamento que queria: jornalismo investigativo. Contudo, antes dela começar o estágio, enquanto ela fala um pouco de si, sua família e seu passado o livro demora a engrenar. A autora fica forçando uma linguagem para tentar dar um ar adolescente (um exemplo é a palavra xaveco que sinceramente não escuto mais ninguém usar); Rafaela as vezes é extremamente irritante e entediante, e para completar, em alguns momentos a autora ainda vai descrever sua maquiagem básica (que inclui corretivo, pó, lápis, blush, uma mascara nos cílios e fechando com um gloss para dar um brilho) o que é extremamente desnecessário. Por fim, ela tem essa fixação por um menino que viu apenas uma vez durante as férias, não sabe o nome, idade, nada, apenas que ele tinha uma mochila xadrez, entrou no mar segurando alguns papéis, olhou para ela com seus olhos azuis e foi embora. Acho normal algumas paixonites de crianças e coisas assim, mas nossa personagem tem mais de vinte anos, quase acabando a faculdade e basicamente tem relacionamentos frustrados porque ninguém alcança a imagem idealizada que ela criou do garoto da mochila que viu uma vez quando tinha onze anos. É uma obsessão fora de controle, ela escreve poema sobre eles, ela inventa histórias, quase todos os dias da sua vida ele dedica algumas horas para escrever para esse rapaz que não conhece.
A leitura melhora significativamente depois que Rafaela começa seu estágio. Primeiro porque eu achei muito real e bem construído esse pano de fundo, o jornal, as entrevistas, o universo é condizente com a realidade. Portanto, o livro demora um pouco para entrar em um ritmo bom de leitura, mas ele conquista o leitor porque além do romance que já era esperado ele tem uma estruturação boa e um plano de fundo que gera muitas situações inusitadas.
Rafaela não é o tipo de personagem que me agrada totalmente. O que eu mais admirava nela era sua dedicação, mas de uma hora para outra ela me decepciona ao atrasar tudo e correr o risco de perder uma oportunidade única de ir ao morro entrevistar um dos chefes do tráfico porque seu esmalte está molhado e ela não está vestida apropriadamente para subir o morro. Além disso, ela não tem uma personalidade muito consistente, pensei a princípio que ela poderia ser eclética, mas acho que ela extrapolou qualquer limite. Não sei se ela é dedicada, nerd, romântica, atirada, patricinha ou o que.  Tem momentos no livro que ela tem crise de ciúmes, acusa uma amiga de ser fácil, oferecida e outras coisas piores, mas de repente está agarrando o colega de trabalho em cantos escuros com as pernas em volta da cintura dele. E lógico, que para fechar, não podemos perder o clichê de nossa personagem principal, de mais de vinte anos, quase graduada, ser virgem (o que me lembrou a outra personagem criada pela autora na sua obra de estréia, Simplesmente Ana).
Quando Rafaela começa a trabalhar no jornal ela logo recebe indiretas do editor do caderno de esportes, ela até tenta sair com ele, mas não funciona, em parte por conta do garoto da mochila e também porque ela tem se sentido atraída (por mais que tente negar), por seu chefe Bernardo. Contudo Bernardo é extremamente mal educado, evita ao máximo conviver com Rafaela, crítica até seus sapatos quando pode e isso realmente a tira do sério. Ele é do tipo antipático, mas que conquista o leitor pela sua seriedade com o trabalho e também quando ele começa a se abrir para esse possível romance (apesar dele ter me decepcionado ao começar a sair com a amiga dela). Acho interessante como o relacionamento desses dois vai se desenvolvendo diante da convivência no trabalho, viagens, entrevistas e outras situações tensas, como eu disse antes, um pano de fundo muito bem construído.
O livro tem romance, alguns mistérios, perseguições, ação, e também humor. O humor me conquistou nos pequenos detalhes, porque muitas vezes a autora criou algumas situações bobas e exageradas que não me fizeram rir nem um pouco. Apenas no final ele me arrancou algumas risadas loucas. No geral é um livro bom, algumas situações forçadas, mas superada essa resistência inicial o livro desenrola de um modo agradável.

Volume único.

2 comentários:

  1. Eu particularmente gosto mais de "Azul da Cor do Mar" do que de "Simplesmente Ana", apesar de considerar a escrita da Marina incrível em ambos os títulos. Claro que o livro possui os clichês naturais, algumas situações bobas e inúmeras situações forçadas, como você bem ressaltou, porém dá sim para se divertir com as trapalhadas da personagem. Para quem evita o gênero, acho que posso dizer que o livro me surpreendeu.

    Beijos,
    Ricardo - www.overshockblog.com.br

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  2. Eu tenho vontade de ler esse livro a muitooo tempo. Esses dias vi numa livraria e fiquei *---* mas tava quase o dobro do q o preço na internet 'o' . Então vou comprar esse mês. Gostei da sua resenha, seu blog é legal (y)

    http://cafeaatres.blogspot.com.br/

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