8 de fevereiro de 2013

A volta para casa

[muito bom]

Eu recomendo: A volta para casa
Autor: Bernhard Schlink
Editora: Record

Sinopse:
Peter vive sua infância na Alemanha com a mãe e nas férias com os avós na Suiça. Na infância ele não percebe tanto a guerra que está acontecendo, onde ele mais percebe ela é na ausência do pai que foi dado como morto. A guerra também é sentida nos preços, seus avós que trabalham com edições de livros dão as versões preliminares de livros para ele usar como folha de rascunho, já que o papel se tornou algo caro, mas pedem que ele nunca leia o conteúdo. Quando ele lê, uma das primeiras histórias no verso de suas folhas, trata-se da história de um soldado na guerra que busca seu caminho para casa, e quando retorna ao lar encontra sua mulher com duas filhas e um outro homem. Peter não sabe o que acontece em seguida, pois as folhas com o final do livro já haviam sido usadas e descartadas. Ele se esquece disso, até que muito anos depois reencontra essas mesmas folhas e saí em busca do autor, mas além do mistério do livro ele irá se deparar com mistérios na sua própria vida.

Meu cantinho:
Esse livro do Bernhard Schlink foi um trabalho bem diferente dos outros com os quais já tive contato. Comecei a ler com a expectativa de outro trabalho no mesmo estilo de O Leitor e O Outro, um texto leve, uma leitura rápida (apesar desse livro ser consideravelmente mais grosso que os outros), simples, apesar da carga que possui os temas que ele aborda. No começo do livro eu de fato me deparei com essa escrita, o autor já adulto narra da sua infância, que vivia na Alemanha com a mãe e ia passar as férias com os avós paternos na Suíça. Ele fala da “independência” dele ao viajar só, ele fala das atividades habituais e simples com os avós, da vida tranquila, da repetição, fala quando um dos verões é diferente pela chega de Lucia, uma menina divertida e que conquista a todos. Ele escreve a vida de um modo único, leve, e isso sempre me conquista na escrita desse autor. Uma das partes mais marcantes para mim, apesar de ser uma cena pequena diante da magnitude com a qual a história se desenrola, é do começo do livro, na vida dele com os avós, quando sua avó pedia ao avô que fosse ao quintal sacudir a salada, e quando ele demora a voltar Peter, seu neto, ia até lá fora busca-lo, e ele estava olhando para o chão, para as gotículas espalhadas e dizia que isso o fazia pensar nos alemães espalhados pelo mundo. 
Depois que ele começa a narrar sua adolescência de modo rápido, e entra de fato na sua vida adulta, a escrita do autor muda, com o peso dos anos do narrador o próprio texto se torna mais complexo. Muitas questões na vida dele passam por mim com desinteresse, o que eu de fato queria saber era o final do livro, quando a questão desse livro de fato retorna ao enredo eu fiquei muito esperançosa. Mas conforme as coisas desandam em sua vida ele parece deixar o livro de lado, mas não completamente. Ele compara a história do soldado a de Ulisses que enfrenta desafios para retornar a casa, depois e sua própria desilusão amorosa ele decide viver as mesmas coisas que Ulisses e ter a quantidade de envolvimento amorosos que ele teve. Por exemplo, Ulisses se envolve com uma mulher que tem seis irmãos e sei irmãs, então, como ele não acha uma mulher com uma família grande ele entra em um coral, e vê o coral como família das mulheres e passa a se envolver com uma delas. É uma situação extremamente esquisita e por mais que ele estivesse sofrendo devido ao término achei essa atitude insensata, desconexa.
Quando ele se engaja de fato na descoberta do autor, e nomes vão se revelando, e pistas vão aparecendo, as coisas ficam confusas, em alguns momentos é difícil separar o que de fato aconteceu e o que se passa no livro, se aquilo que está no livro é real, se as pistas são reais, se não é tudo ficção. Em suas buscas e vivendo novas experiências e vai trazendo várias discussões e divagações, muitas interessantes e pertinentes. Uma das que eu mais gostei é quando ele tenta viver a história, ele quer viver aquilo que será contado, aquilo que será ensinado nos livros de história e é nesse momento que ele aprende que a história também é composta pelas atividades cotidianas, pelas coisas simples da vida.
Não posso discorrer muito sobre o final do livro para não revelar spoilers, mas achei muito pesado, muito triste, o modo como é apresentado as questões da maldade intrínseca ao ser humano. Acredito que o mal faz parte de nós, mas o bem também. Um livro leve a princípio, mas que se torna pesado, assim como o assunto que é abordado, um trabalho diferente de outros que o autor já produziu, mas também muito interessante.

Volume único.

2 comentários:

  1. Não conhecia esse livro
    Realmente percebe-se ser um livro forte!
    Vou anotar para ler!
    Ótima resenha
    Beijos
    Rizia - Livroterapias
    http://livroterapias.blogspot.com.br/

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  2. Oi Ju!
    Reconheci o nome do autor, mas não conhecia o livro! Não sou muito fã de livros que retratam a guerra, mas esse parece ser bem denso e interessante, irei anotar na lista!
    Ótima resenha, adorei!
    Obrigada pela visita e comentário :)
    Tem post novo no blog!
    Beijos, Nathi
    @bookswonderland
    Books in Wonderland

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