21 de setembro de 2012

Nietzsche para estressados

[bom]


Eu recomendo: Nietzsche para estressados 
Autor: Allan Percy
Editora: Sextante

Sinopse:
Esse livro traz em cada página uma máxima do filosofo alemão Nietzsche e em seguida uma discussão do autor Allan Percy sobre o significado desta, exemplos, e como aplicar o que o Nietzsche quis dizer em nossa vida cotidiana, de forma que essa possa trazer algum beneficio. As máximas tratam dos mais variados assuntos, de amigos, família, amor, saúde, trabalho e as interpretações do autor são direcionadas de forma que, aplicando o que foi escrito, o leitor possa levar uma vida com menos estresse.

Meu cantinho:
Eu não sou muito de ler livros desse gênero, acho que eles se assemelham muito a livros de auto-ajuda e eu definitivamente não gosto de livros assim. Comprei esse livro com uma ideia completamente diferente, e quando ele chegou e eu o abri, percebi que não era exatamente o que eu tinha pensado. Como já havia comprado pensei, vou começar a ler, é um livro pequeno, uma leitura rápida, nada com o que me preocupar, mas logo larguei ele de mão. Acontece que nos últimos tempos eu tenho vivido uma serie de problemas e estresses, com prazos na faculdade, atrasos, relacionamentos e eu pensei que talvez esse livro pudesse ser interessante agora nesse momento em que eu estava vivendo, ele de fato traz muita coisa que eu pude refletir diante da leitura, na verdade ele fala coisas muito simples que já sabemos que devemos fazer, que são necessárias para se evitar o estresse mas que não aplicamos no nosso dia-a-dia.
Eu tenho uma série de críticas a fazer a este livro, acho que muitas vezes ele coloca o aforismo e não explica tão bem, ele deixa muito vago e muito aberto a várias interpretações por parte do leitor; as vezes cita um exemplo, conta uma história, mas não esmiúça a lição que poderíamos tirar dali. Em outras ele coloca uma máxima, começa a explicar falando de uma coisa e acaba falando de algo no final completamente diferente, oferecendo muitas vezes um conselho bom, mas que se você retornar ao topo da página percebe que nem tudo tem tanta conexão. Sem falar que ele faz interpretações de algumas coisas que parecem que poderiam ser interpretadas de um modo completamente diferente daquele que ele está falando. Ele fala, como eu disse em minha sinopse, dos mais variados assuntos, amizade, família, trabalho, e muitas vezes um aforismo retoma o mesmo assunto, em algumas explicações ele parece complementar algo que foi dito anteriormente, entretanto em outras ele parece apenas estar se repetindo. 
Acredito que nem tudo o que ele fala deve ser aplicado sem pudores, acho que você deve ler e ver como o que o autor diz pode se encaixar na sua vida. Um exemplo é quando ele fala de rancores, que acabamos realizando pequenas vinganças nem que seja afastar pessoas de nossas vidas. Entendo que guardar rancores seja ruim, eu sou uma pessoa extremamente rancorosa, mas as vezes pessoas agem de má fé, machucam com intenção, ou tem valores e princípios (por mais que ele fale que devemos avaliar a opinião dos outros, modo de vida e entender que há diferenças e que o outro não está errado) que não condizem com o seu e você afasta sim essa pessoa da sua vida porque mantê-las perto trará apenas mais estresse. Por exemplo, você conhece uma pessoa e ela desenvolve um hábito que você não gosta como beber ou fumar, e começa a ter comportamento que não condiz com o seu, como mentir constantemente, falar mal dos outros, trair, ser promiscua, ser ofensiva ou qualquer coisa assim, eu tenho certeza que você vai se afastar dessa pessoa se ela agir assim com você, talvez por rancor, talvez vingança, ou bom senso, a questão é que eu não acho isso ruim. Leia e avalie, não tome tudo com certo.
Ele traz vários trechos de obras de outros autores, citações, obras, algumas das quais eu já inclusive resenhei aqui, como A arte da guerra, Amor em Minúscula e A última grande lição (já li, adorei, mas não resenhei aqui ainda) do Mitch Albom. Ele traz aforismo de alguns autores que não conheço, e outros que gosto bastante como Oscar Wilde (apesar de muitos aforismos dele – não os usados nesse livro, serem extremamente ofensivos àquelas do sexo feminino), e trouxe alguns exemplos que eu não considero de todo bom, ele cita algumas falas do Príncipe de Maquiavel, que ele mesmo afirma ser um livro não muito ético, não gostei de todos os conselhos que ele retira desse livro.
Por fim, acho que Nietzsche se tornou um mero adereço nesse livro, primeiro porque ele não se aprofunda muito no autor, às vezes ele traz outro autor completamente diferente e passa a diretrizes deles deixando Nietzsche completamente de lado. Um exemplo é quando ele traz a máxima: “eis a fórmula da felicidade: um sim, um não, uma linha reta, uma meta”; e cita como “explicação” oito requisitos que Goethe estabeleceu para se ter uma vida plena. Acho que ele escolheu Nietzsche pelo renome e popularidade dele como autor e filósofo e porque ele queria no final do livro (em anexos) fazer uma propaganda da filosofia como terapia. Conheço muito pouco desse método, alguns consideram enrolação e outros consideram um método efetivo e o autor com certeza aprova e vende (com certeza pensando em seus lucros posteriores).
Depois de todas essas críticas, positivas e negativas, eu gostaria de concluir dizendo que esse é um livro válido se você está passando sobre situações de muito estresse, porque esse é o foco do livro, pequenas ações que podem deixar sua vida mais saudável e tranquila. São ações bobas que já conhecemos, mas que muitas vezes passam despercebidas ou não damos a devida importância e o livro enfatiza.

Volume único.

Um comentário:

  1. Meu, já me aporrinhei com o livro só de ler sua resenha. Não gosto muito desse tipo de obra clássica, e um livro que faz reflexões sobre essas obras não daria muito certo.
    A resenha ficou muito bem escrita.

    Beijos

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