14 de abril de 2011

A Mão Esquerda de Deus

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[ótimo]

Eu recomendo: A Mão Esquerda de Deus
Autor: Paul Hoffman
Editora: Objetiva

Sinopse:
O santuário dos Redentores não é um lugar divino, muito menos há redenção. Esse lugar é sombrio, assustador, mórbido. Crianças ainda pequenas são levadas para esse lugar contra a sua vontade, muitas não sobrevivem. Aquelas que conseguem vivem sobre os olhares atentos dos Redentores, que forçam as crianças as mais diversas formas de trabalho, treinamentos, levando uma vida dura, sem qualquer conforto ou regalias. A desobediência é punida de maneira severa e aqueles que tentam fugir apenas vão de encontro com a morte. Nesse lugar horroroso encontramos Cale, um menino que conhece as regras e tenta fazer de tudo para evitar punições. Nesse lugar ele conhece Henri e Kleist, não são seus amigos, amigos não são permitidos, mas eles conversam algumas raras vezes.
Um acontecimento inesperado e uma atitude impulsiva acabam arriscando a vida de Cale, para fugir da punição certa que os Redutores lhe infligirão, ele decide fugir. Há dois anos Cale bolava um plano de fuga, mas nunca achou que realmente iria colocá-lo em prática. Cale força Kleist e Henri a fugirem com ele, como foram visto conversando duas vezes nas últimas semanas a morte deles também é certa. A fuga é emocionante, a possibilidade de que tudo de errado paira sobre nossas cabeças, e os eventos que se seguem e os segredos relevados são ainda mais impressionantes.

Meu cantinho:
Sei que normalmente eu tenho escrito sobre livros, de certa forma, voltados para o público feminino. Sei que não existe ao certo uma delimitação, de livros para homem e para mulheres nesse espaço da ficção, mas sei que não são todos os homens que gostam de livros predominantemente românticos (que tem sido o gênero predominante no último mês no meu blog). Mas estou aqui para mudar isso com a minha opinião sobre esse maravilhoso livro que é A mão esquerda de Deus. Paul Hoffman é maravilhoso, ele criou um mundo escuro, macabro, sombrio sem apelar para qualquer entidade sobrenatural, apenas pela descrição dos lugares e atitudes das pessoas. Nesse livro não temos nada de romances melosos, lutas bobas, enrolações desnecessárias. Os sentimentos não deveriam existir, e se existem são carregados de negatividade, as lutas são para matar e não há nem uma palavra que tenha sido escrita sem uma necessidade.
Cale, perdido entre seu quatorze ou quinze anos, parece um adulto. Ele foi criado em um sistema brutal, opressor, rigoroso. Ele não contesta as regras, ele não faz amizades, ele não cria laços, ele obedece. E em nenhum momento ele se lamenta, ele não faz o leitor pensar como ele é um menino coitadinho que sofre horrores (apesar de que eu senti pena dele na hora das refeições), ele não precisa de piedade alguma, ele é uma pessoa forte que faz o que precisa ser feito. O maior sentimento que ele causa no leitor é espanto, tamanha sua precisão e até certo ponto frieza. Quando Cale muda um pouco sua forma de pensar ele percebe o erro que cometeu, e como sua frieza e racionalidade faziam muito mais sentido do que qualquer sentimento. O segredo de Cale quando revelado foi surpreendente e as lutas que seguem são todas “cativantes” (não consegui achar a palavra certa, mas quero dizer que você fica mergulhado naquela cena, sente como se estivesse nela e não consegue de forma alguma se desligar dela tamanho o deslumbramento que as brigas causam).
Seus amigos também são maravilhosos, impressionantes. Em um primeiro momento você não tem muita fé nesses meninos, pensa que Kleist e Henri são apenas uns meninos bobos, passando fome, que querem descolar alguns ratos (não, você não leu errado, ratos, agora pensa no que eles comem para apreciar ratos), mas ambos se mostram, em determinado momento do livro quase tão extraordinário quanto Cale. Cada um com uma habilidade específica e um poder de luta até então desconhecido.
É uma história sombria, bem escrita, criativa e extremamente interessante. Esse é um daqueles livros que eu recomendo de olhos fechados porque não tem como não gostar dele. É uma leitura muito diferente, de certa forma assustadora, mas muito “cativante” (preciso expandir meu dicionário pessoal). Inclusive o autor deu uma declaração que ficou surpreso por seu trabalho ter atingido uma faixa etária composta por jovens devido a crueldade presente no livro. Mas eu acho que é apenas um elemento que torna o livro ainda mais fascinante!

Continuação:
A mão esquerda de Deus é uma trilogia, o próximo livro da série é The Last Four Things, previsto para ser lançado (odeio muito a demora) apenas no primeiro semestre de 2012! Se no final desse ano o mundo acabar eu nunca vou ter lido o último livro dessa série e vou voltar pra assombrar quem quer que tenha segurado o livro por tanto tempo!

7 comentários:

  1. Menina, eu tenho este livro, ganhei numa promoção há um tempão já e acredita que ainda não li? Nem eu me perdôo por isto pois, já inúmeras resenhas falando muito bem deste livro. Preciso mudar isto.

    Tem post novo la no Balaio, passa lá.
    http://balaiodelivros.blogspot.com/

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  2. Hmmm o livro pareceu interessante (e então a lista já enorme de livros desejados aumenta +1)
    Vou comprar, ler e resenhar pra ver se nossos gostos podem ser parecidos ^^

    http://semais20.blogspot.com/

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  3. Ontem mesmo eu vi esse livro.
    Achei o título interessante, mas não sabia mto sobre ele.

    Bom, vou ficar atenta a próxima oportunidade!

    BjoO
    pri
    Entre Fatos e Livros

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  4. Adorei a sua resenha, fiquei com vontade de ler o livro.

    Parabéns pelo blog. =)

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  5. Confesso que parei de ler na parte em que os amigos adentram a fortaleza, juntamente com o grupo de cavaleiros com os quais eles haviam feito amizade após a chacinha no deserto. Como faz tempo que eu parei de ler, talvez eu retome a leitura do início. Abraço.

    www.pablodiogo.blogspot.com

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  6. Legal, Juliana.

    Vou ler esse livro em breve.

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  7. Foi o único livro que li na vida, simplesmente espetacular!
    Só não entendi muito bem o motivo da briga entre o escritor e o Instituto Nacional de Arqueologia da Ingaterra.

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