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[bom]
Eu
recomendo: A estrela que nunca vai se apagar
Autores:
Esther
Earl com Lori e Wayne Earl
Editora:
Intrínseca
Sinopse:
Esther ficou famosa
ao servir de inspiração para John Green, que escreveu o Best seller A Culpa é
das Estrelas. Nesse livro temos uma introdução de John Green, relatos dos pais
de Esther, cartas e páginas do diário que ela mantinha, depoimento de amigos,
médicos e familiares, transcrições dos vídeos que Esther postava em seu canal
pessoal assim como transcrições de conversas que ela tinha com seus amigos
virtuais. O livro é repleto de fotos, desenhos e nos conta a história de Esther,
uma menina comum, de uma família pobre, que começa a sofrer com dificuldade de
respirar, faz alguns exames e descobre que possui câncer. Mesmo com a doença
ela consegue tocar o coração de várias pessoas e fazer a diferença.
Meu
cantinho:
Assim que o livro chegou fui surpreendida pela sua grossura, não esperava que o livro fosse tão grande.
Eu fiquei desapontada pelo formato, porque esse é um daqueles livros que não é
do grande ou do pequeno, ele fica em um meio termo e não tenho onde encaixá-lo
na estante (pura questão de estética de gente neurótica, eu sei). Mas gostei
muito da formatação de dentro, ele é um livro muito colorido e você passa a
diferenciar cada passagem conforme a cor, as partes que Esther escreve
geralmente são brancas, os relatos de amigos e familiares vem no verde com
estrelas brancas ao fundo, relatos retirados do site que a família ou Esther
postavam para aqueles que queriam acompanhar seu tratamento estão em laranja, e
assim vai. O livro também tem muitas fotos, mas quase todas em uma resolução
ruim (assim como a da capa), mas acredito que foram usadas por serem as únicas
disponíveis.
Eu confesso que
fiquei um pouco desapontada com o livro, foi diferente do que eu imaginava, mas
ainda assim chorei muito, mais do que lendo A culpa é das estrelas. Logo na
introdução escrita por John Green já comecei com a choradeira, ele falando como
a conheceu, como a amizade deles se desenvolveu, como descobriu sobre a doença
dela, sua morte, a dor de lidar com essa situação, sobre A culpa é das estrelas
e como a pessoa que ele mais queira que lesse seu livro nunca poderá fazê-lo.
Eu perdi meu pai para o câncer, então ver alguém com sentimentos semelhantes, a
frustração, a perda, a dor, falar sobre momentos que não serão possíveis de ser
vivenciado ao lado dessa pessoa, simplesmente me desarma, me toca, me faz
chorar feito um bebê. Depois da introdução do John Green vem um relato sobre os
pais de Lori sobre Esther Grace desde seu nascimento até a descoberta da
doença. Ela foi uma criança muito fofa, que adorava os irmãos, animais,
desenhar e escrever. Achei super fofa uma passagem no qual os pais relatavam
que ela estava passando filtro solar em seu irmão mais novo Graham, e acaba
caindo nos olhos dele. Ele começa a se desesperar e ela passa filtro nos
próprios olhos para provar que não dói tanto assim até que os dois começam a
chorar e vão buscar ajuda. Depois desse breve relato temos finalmente contato
com a escrita de Esther, em sua maioria ela vem através de cartas ou páginas do
diário que ela mantinha. Contudo, o que eu mais esperava, que eram os relatos
dela, foram minha maior decepção. Ela escreve de modo vago, superficial, sobre
coisas muitas vezes sem importância, ela faz lista de coisas que ela gosta, as
vezes fala dos remédios, do sono, de Harry Potter, de Doctor Who, sobre como
ama os pais, os irmãos e agradece constantemente a Deus. Ela faz sempre
desenhos ao redor da sua escrita e muitos são copiados ao lado da tradução. As
vezes há uma página da cópia do texto original em inglês e através da letra foi
possível perceber um certo “declínio” na força dela, já que a letra a princípio
extremamente legível se tornam rabiscos de difícil compreensão. O livro vai
sendo intercalado entre textos escritos por Esther, texto postados no site onde
seus pais ou ela escreviam sobre seu estado de saúde para aqueles interessados,
transcrição dos vídeos dela no youtube (que eu sinceramente achei totalmente
sem conteúdo), relatos de amigos, médicos e familiares, e transcrições de
conversas do Catitude do qual Esther fazia parte. Acho que essas transcrições
eram a pior parte do livro e foram usadas apenas para fazer volume. Esther
tinha esse grupo de amigos no mundo online, que a princípio nem sequer sabiam da
sua doença e ela gostava de manter assim. Era um grupo de amigos apaixonado por
Harry Potter, todos nerdfighters, fãs de John Green. O livro coloca trechos das
conversas dele que muitas vezes nem sequer fazem sentido, citam coisas fora do
contexto para o leitor, totalmente desnecessário.
O que eu achei muito
interessante sobre a vida de Esther foi a ajuda que ela acabou dando ao Harry
Potter Alliance. Eu não conhecia o grupo, que me foi apresentado no livro, mas
eles são como uma Armada Dumbledore do mundo real, que buscam fazer o bem. Eles
estavam concorrendo a um prêmio em dinheiro para poder ajudar suas causas e
estavam em terceiro lugar, Esther acabou falando disso com John Green que
postou no seu vlog sobre a instituição e como ele queria apoio para ganhar essa
causa com Esther. Achei muito fofo da parte do John Green, principalmente
porque é recorrente na escrita de Esther como ela se queixa de querer fazer
algo para ajudar os outros, mas está limitada por sua doença. Achei que ela
ficaria extremamente feliz – o que ela ficou, mas em textos futuros ela achava
que não tinha feito muito e ainda se sentia decepcionada, o que me entristeceu.
Quando é relatada a
morte de Esther, já perto do final do livro, eu fiquei mal. Quando começaram os
relatos daqueles que a conheciam, quando li o discurso fúnebre do pai dela eu
comecei a encharcar meu livro de lágrimas. Talvez vocês pensem que eu sou
insensível por me comover mais com os relatos daqueles que estavam ao seu lado
do que com os relatos de Esther. Acontece que não só ela é superficial na sua
escrita, e não se detalha na sua doença como os outros envolvidos, como eu
consigo me identificar muito mais com aqueles que a cercam do que com ela. Como
disse, vivi uma experiência parecida e ler o que eles viveram é reviver um
pouco do que eu vivi, e eu não vivi o lado dela, mas o deles.
No geral é uma
leitura válida, principalmente para aqueles que querem conhecer a pessoa que
inspirou John Green a escrever aquele livro espetacular. Contudo, recomendo
cautela, não é livro que nos prende tanto, principalmente pelas partes
enfadonhas (transcrições de vídeos, conversas em chats), mas que ainda assim é
capaz de emocionar o leitor.
Apesar de saber que não é um livro espetacular, tenho vontade de ler a obra. Parece ser um livro tocante.
ResponderExcluirM&N | Desbrava(dores) de livros - Participe do nosso top comentarista de Maio