19 de maio de 2014

A estrela que nunca vai se apagar

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[bom]

Eu recomendo: A estrela que nunca vai se apagar
Autores: Esther Earl com Lori e Wayne Earl
Editora: Intrínseca

Sinopse:
Esther ficou famosa ao servir de inspiração para John Green, que escreveu o Best seller A Culpa é das Estrelas. Nesse livro temos uma introdução de John Green, relatos dos pais de Esther, cartas e páginas do diário que ela mantinha, depoimento de amigos, médicos e familiares, transcrições dos vídeos que Esther postava em seu canal pessoal assim como transcrições de conversas que ela tinha com seus amigos virtuais. O livro é repleto de fotos, desenhos e nos conta a história de Esther, uma menina comum, de uma família pobre, que começa a sofrer com dificuldade de respirar, faz alguns exames e descobre que possui câncer. Mesmo com a doença ela consegue tocar o coração de várias pessoas e fazer a diferença.

Meu cantinho:
Assim que o livro chegou fui surpreendida pela sua grossura, não esperava que o livro fosse tão grande. Eu fiquei desapontada pelo formato, porque esse é um daqueles livros que não é do grande ou do pequeno, ele fica em um meio termo e não tenho onde encaixá-lo na estante (pura questão de estética de gente neurótica, eu sei). Mas gostei muito da formatação de dentro, ele é um livro muito colorido e você passa a diferenciar cada passagem conforme a cor, as partes que Esther escreve geralmente são brancas, os relatos de amigos e familiares vem no verde com estrelas brancas ao fundo, relatos retirados do site que a família ou Esther postavam para aqueles que queriam acompanhar seu tratamento estão em laranja, e assim vai. O livro também tem muitas fotos, mas quase todas em uma resolução ruim (assim como a da capa), mas acredito que foram usadas por serem as únicas disponíveis.
Eu confesso que fiquei um pouco desapontada com o livro, foi diferente do que eu imaginava, mas ainda assim chorei muito, mais do que lendo A culpa é das estrelas. Logo na introdução escrita por John Green já comecei com a choradeira, ele falando como a conheceu, como a amizade deles se desenvolveu, como descobriu sobre a doença dela, sua morte, a dor de lidar com essa situação, sobre A culpa é das estrelas e como a pessoa que ele mais queira que lesse seu livro nunca poderá fazê-lo. Eu perdi meu pai para o câncer, então ver alguém com sentimentos semelhantes, a frustração, a perda, a dor, falar sobre momentos que não serão possíveis de ser vivenciado ao lado dessa pessoa, simplesmente me desarma, me toca, me faz chorar feito um bebê. Depois da introdução do John Green vem um relato sobre os pais de Lori sobre Esther Grace desde seu nascimento até a descoberta da doença. Ela foi uma criança muito fofa, que adorava os irmãos, animais, desenhar e escrever. Achei super fofa uma passagem no qual os pais relatavam que ela estava passando filtro solar em seu irmão mais novo Graham, e acaba caindo nos olhos dele. Ele começa a se desesperar e ela passa filtro nos próprios olhos para provar que não dói tanto assim até que os dois começam a chorar e vão buscar ajuda. Depois desse breve relato temos finalmente contato com a escrita de Esther, em sua maioria ela vem através de cartas ou páginas do diário que ela mantinha. Contudo, o que eu mais esperava, que eram os relatos dela, foram minha maior decepção. Ela escreve de modo vago, superficial, sobre coisas muitas vezes sem importância, ela faz lista de coisas que ela gosta, as vezes fala dos remédios, do sono, de Harry Potter, de Doctor Who, sobre como ama os pais, os irmãos e agradece constantemente a Deus. Ela faz sempre desenhos ao redor da sua escrita e muitos são copiados ao lado da tradução. As vezes há uma página da cópia do texto original em inglês e através da letra foi possível perceber um certo “declínio” na força dela, já que a letra a princípio extremamente legível se tornam rabiscos de difícil compreensão. O livro vai sendo intercalado entre textos escritos por Esther, texto postados no site onde seus pais ou ela escreviam sobre seu estado de saúde para aqueles interessados, transcrição dos vídeos dela no youtube (que eu sinceramente achei totalmente sem conteúdo), relatos de amigos, médicos e familiares, e transcrições de conversas do Catitude do qual Esther fazia parte. Acho que essas transcrições eram a pior parte do livro e foram usadas apenas para fazer volume. Esther tinha esse grupo de amigos no mundo online, que a princípio nem sequer sabiam da sua doença e ela gostava de manter assim. Era um grupo de amigos apaixonado por Harry Potter, todos nerdfighters, fãs de John Green. O livro coloca trechos das conversas dele que muitas vezes nem sequer fazem sentido, citam coisas fora do contexto para o leitor, totalmente desnecessário.
O que eu achei muito interessante sobre a vida de Esther foi a ajuda que ela acabou dando ao Harry Potter Alliance. Eu não conhecia o grupo, que me foi apresentado no livro, mas eles são como uma Armada Dumbledore do mundo real, que buscam fazer o bem. Eles estavam concorrendo a um prêmio em dinheiro para poder ajudar suas causas e estavam em terceiro lugar, Esther acabou falando disso com John Green que postou no seu vlog sobre a instituição e como ele queria apoio para ganhar essa causa com Esther. Achei muito fofo da parte do John Green, principalmente porque é recorrente na escrita de Esther como ela se queixa de querer fazer algo para ajudar os outros, mas está limitada por sua doença. Achei que ela ficaria extremamente feliz – o que ela ficou, mas em textos futuros ela achava que não tinha feito muito e ainda se sentia decepcionada, o que me entristeceu.
Quando é relatada a morte de Esther, já perto do final do livro, eu fiquei mal. Quando começaram os relatos daqueles que a conheciam, quando li o discurso fúnebre do pai dela eu comecei a encharcar meu livro de lágrimas. Talvez vocês pensem que eu sou insensível por me comover mais com os relatos daqueles que estavam ao seu lado do que com os relatos de Esther. Acontece que não só ela é superficial na sua escrita, e não se detalha na sua doença como os outros envolvidos, como eu consigo me identificar muito mais com aqueles que a cercam do que com ela. Como disse, vivi uma experiência parecida e ler o que eles viveram é reviver um pouco do que eu vivi, e eu não vivi o lado dela, mas o deles.
No geral é uma leitura válida, principalmente para aqueles que querem conhecer a pessoa que inspirou John Green a escrever aquele livro espetacular. Contudo, recomendo cautela, não é livro que nos prende tanto, principalmente pelas partes enfadonhas (transcrições de vídeos, conversas em chats), mas que ainda assim é capaz de emocionar o leitor.

Volume único. 

Um comentário:

  1. Apesar de saber que não é um livro espetacular, tenho vontade de ler a obra. Parece ser um livro tocante.

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