14 de janeiro de 2015

Um novo modo de ler e sentir: ficção sensorial

(Imagem: reprodução/Scifi2scifab - MIT Media Lab - "The Girl Who Was Plugged In")
Quem nunca sentiu uma angústia lendo um livro, um aperto do no estômago, um arrepio que sobe pela espinha? Muitos escritores maravilhosos conseguem nos prender e causar sensações, mas nem sempre conseguimos sentir tudo como o personagem sente. Acontece que isso agora é possível, sentir o embalo das ondas, um forte pulsar, um aperto, uma contração, frio, retração, isso por conta de um projeto ousado que utiliza tecnologia para transformar os “sentimentos literários” em “sensações físicas”.

Imagem: reprodução/Scifi2scifab - MIT Media Lab - "The Girl Who Was Plugged In")

Pesquisadores do MIT Media Lab, nos Estados Unidos, desenvolveram um dispositivo, composto por um livro que traz a história de "The Girl Who Was Plugged In" e um colete, que ao ser colocado no corpo do usuário é capaz de alterar as características físicas dele. Esse dispositivo associado à leitura faz com que o portador sinta todas as emoções, desejos e sensações que o protagonista da obra está vivendo, referente a passagem que o leitor está lendo. Os livros já são capazes de induzir a emoções e empatias por meio das palavras, mas esse projeto utiliza uma combinação de sensores e atuadores em rede como um novo meio de transporte de enredo, humor e emoção. 

(Imagem: reprodução/Scifi2scifab - MIT Media Lab - "The Girl Who Was Plugged In")

A "sensory fiction" (traduzido livremente como "ficção sensorial") proporciona uma experiência imersiva na narrativa elaborada sob medida para o leitor. O livro e a vestimenta utilizam uma combinação de componentes distintos, que juntos são capazes de alcançar o efeito desejado. O processo de envio de informações para o traje é discreto e permite alterar a taxa de batimentos cardíacos do usuário, criar constrições e causar, até mesmo, flutuação de temperatura. Por exemplo, se o protagonista está se sentindo nervoso, o mecanismo vibra ao mesmo tempo em que o autor está falando sobre um estômago embrulhado - ocasionando um sentimento de ansiedade. 

(Imagem: reprodução/Scifi2scifab - MIT Media Lab - "The Girl Who Was Plugged In")

Para alcançar esse objetivo, a capa do livro é composta por 150 LEDs programáveis para manipular a luz ambiente com base nos distintos cenário e humor apresentados na obra; há um dispositivo de aquecimento pessoal que foi desenvolvido para atuar na mudança de temperatura da pele - por meio de uma junção Peltier fixada na clavícula; a vibração é a responsável por influenciar a frequência cardíaca; além de existir um mecanismo de som e um sistema de compressão - para transmitir uma sensação de aperto ou relaxamento por meio de airbags pressurizados.
A história do protótipo utilizado pela equipe para demonstrar a funcionalidade do dispositivo, "The Girl Who Was Plugged In" (1973), é de autoria da escritora de ficção científica Alice Sheldon - sob o pseudônimo de James Tiptree Jr. A trama se passa no futuro e narra a história de Philadelphia Burke, uma garota de 17 anos que - após uma tentativa de suicídio por causa de sua aparência disforme - é chamada para participar de uma experiência conhecida como "Remote". Um projeto corporativo que permitirá que ela, P. Burke, controle um outro corpo feminino após uma série de modificações e implantes eletrônicos. Delphi, como é conhecido o seu receptáculo, foi cultivada sem cérebro em laboratório a partir de um embrião modificado em um útero artificial. 
Felix Heibeck, Alexis Hope e Julie Legault são os pesquisadores responsáveis pelo invento que pretende produzir uma nova maneira de se criar e experimentar histórias. Apesar de ainda não possuírem nenhum plano de comercializar esse dispositivo, o aumento no consumo de e-books demonstra que é uma questão de tempo até que a "ficção sensorial" se torne presente na vida dos leitores.

Assista ao vídeo.

Eu tomei conhecimento desse projeto através de uma postagem da Emily Antonetti no Meg’s Army. Vocês gostariam de viver essa experiência sensorial ao ler um livro?

3 comentários:

  1. Achei muito interessante! Mas já pensou usar um treco desses enquanto lê 50 tons? Ou slá, um livro que leva choque ou é torturado? Acho que não ia querer esses ai não kkkk Mas é muito maneira a ideia sim!

    Beijinhos,

    Bia - Blog Escrevendo Mundos

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  2. Gente, mas essas tecnologias tão muuito avançadas UHAU o que a beatriz falou no comentário aí em cima é verdade kkkk e se o personagem morre com um monte de tiro ou a facadas ou sei lá como? Deve ser bem real o negócio mesmo haha

    xx Carol
    http://caverna-literaria.blogspot.com.br
    Tem post novo sobre séries no blog, vem ver!

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  3. Eu achei bem legal a ideia, gostaria de participar de um experimento assim. O mais próximo que eu vi, foi num museu de perfumes, que eles passavam um filme, e conforme era as cenas, eles liberavam as fragrancias que lembravam as cenas: chuva caindo na grama, coisas assim.

    Beijos,
    Thiago - Blog GentleGeek

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