29 de outubro de 2014

Co-dependência nunca mais

[regular]

Eu recomendo: Co-dependência nunca mais
Autora: Melody Beattie
Editora: Nova Era

Sinopse:
Melody Beattie é uma ex-alcoólatra que agora ajuda pessoas que passam pela mesma situação que ela viveu, assim como todos aqueles envolvidos com a pessoa doente. Nesse livro ela desenvolve o termo co-dependente, aquele que acaba sendo afetado pelo problema da pessoa que tem distúrbios, seja alcoólico ou de qualquer outro gênero. Essa seria a pessoa que convive, que assume o problema do outro, que tenta solucioná-lo, que acaba deixando de cuidar de si e da sua vida e só consegue viver movido pela doença do outro. Nesse livro ela demonstra que não se pode controlar ninguém, que a única pessoa sobre a qual você tem controle é sobre si, e que é preciso se amar e cuidar de você mesmo.


Meu cantinho:
Quem leu a minha resenha do livro Não se apega, não da Isabela Freitas sabe que ele foi o estopim para uma grande mudança na minha vida. Eu comentei com a minha irmã sobre esse processo, e ela me indicou esse livro dizendo que seria perfeito para o momento que eu estava vivendo. Eu geralmente evito leituras de auto-ajuda, eu as acho forçadas, muito “mágicas”, muito “siga esses passos e viva feliz para sempre”. Mas como estou em uma nova fase, e como minha irmã falou bem do livro, decidi dar uma chance a leitura.
Nesse livro a autora fala sobre suas experiências e como através delas delimita o termo co-dependente. Melody era uma alcoólatra, quando finalmente conseguiu controlar seu vício, passou a ajudar outras pessoas dependentes do álcool, assim como os familiares e amigos envolvidos com esses dependentes. Ela explica que o co-dependente é aquele que acaba se dedicando ao outro de forma excessiva, que coloca este no centro de tudo, que deixa os problemas, a vida do outro ser a sua. Apesar de trabalhar com a ideia central do alcoólatra, ainda assim é possível encaixar esse termo em outras situações, envolvendo outros vícios ou condições extremas. Eu confesso que me identifiquei como uma co-dependente, pois tenho o hábito de ver as pessoas como projetos. Tanto amizades como relacionamentos amorosos, eu vejo os problemas, os defeitos das outras pessoas e quero ajudá-las, concertá-las. De certa forma você acredita que a pessoa é incapaz de mudar sua situação sozinha, e você saí em seu auxílio. Você vê a pessoa cometendo erros e quer colocar essa pessoa de lado, pegar todos os problemas dela e dizer: “deixa que eu resolvo isso”. Ou você fica insistindo para a pessoa agir de uma determinada forma, fazer determinada coisa. Contudo, a minha “co-dependencia” é muito mais leve do que as relatadas nos livros, de pessoas que sofrem agressões, que sofrem abusos por seus cônjuges alcoólatras, entre outros. Eu acredito que ela traz esse termo com uma carga muito negativa, como alguém que odeia a si, incapaz de se divertir, de desfrutar de qualquer coisa. Eu acredito que sou co-dependente, mas não de um modo tão extremo. Por conta disso, não me identifiquei em diversas passagens. Sendo assim, muitas das dicas não me foram úteis, mas outras foram possíveis de se absorver.
Eu acredito que a autora enrola muito na sua escrita. Melody apresenta um ponto e para reforçá-lo ela apresenta diversos exemplos, quando um ou dois seriam o suficiente. Ela passa uma ideia geral que é fácil de perceber quando se é co-dependente, contudo, quando ela vai listar todas as características do co-dependente eu acho que ela comete alguns erros. Ela escreve páginas e páginas sobre como o dependente é, mas muitas dos elementos que ela lista são contraditórios. Se em certo momento ela diz que os co-dependentes gostam demais da cor azul, ela também diz que eles são aqueles que gostam de menos da cor azul. Os pontos que ela elenca são capazes de englobar qualquer pessoa. Aqueles que não gostam desse tipo de leitura certamente criticariam muito esse ponto. Eu acho que a ideia que ela transmite em seu texto com seu relato pessoal é muito mais esclarecedor e lógico do que a listinha que ela decidiu fazer. Foi desnecessário.
Ela apresenta em mais da metade do livro o que seria o co-dependente e inúmeros (e cansativos) relatos. O tempo todo ela fala como essa situação pode ser reversível. Ela dá algumas dicas (algumas muito úteis para mim), mas ela insiste o tempo todo que uma das melhores soluções é seguir os 12 passos que são ensinados no encontro dos alcoólicos anônimos. E eu li, e li, e esperei para ler esses dozes passos. Mais da metade do livro já tinha passado quando a autora finalmente fala deles, mas eles foram uma tremenda decepção. Primeiro que exatamente metade deles tem cunho religioso. Nada contra a fé de ninguém, mas não acho que sejam passos efetivos de verdade. Ela fala como ser espiritual, entregar a deus, entre outras coisas do gênero. Sem falar que ela passa o livro inteiro enaltecendo esses dozes passos e no fim ela escreve sobre eles em apenas três folhas frente e verso, totalizando exatamente apenas seis minúsculas páginas. Esses passos que seriam um caminho a ser seguido são pouco explicados e abordados de forma muito rápida. Ela também faz isso com outros assuntos. Por exemplo, ela dedica um capítulo inteiro a raiva. Eu que não tenho muito controle sobre ela, e estouro muito rápido, fiquei muito curiosa diante desse capítulo, mas me decepcionei. Ela fala da raiva, como ela é ruim, oferece exemplos, mas apenas isso, nenhuma dica ou modo de resolvê-lo.
De modo geral é um livro esclarecedor para aqueles que se envolvem muito na vida dos outros, se dedicam demais a terceiros e às vezes se negligenciam. Esse livro serve para dar uma base de entendimento da situação e um norte para solucionar o problema. Contudo, ele é maçante pelos exemplos excessivos e muitas vezes dá voltas sem oferecer soluções efetivas. É um livro válido para quem gosta de leituras do gênero, possui um tempo livre e enfrenta esse tipo de problema e gostaria de ter algumas dicas, ou ideias de qual caminho seguir.

Volume único.

Um comentário:

  1. Gostei da resenha, parece ser um livro interessante
    Mas não pegaria para ler agora

    Beijos
    http://pocketlibro.blogspot.com.br

    ResponderExcluir